Conhecer melhor o Sol
Observatório Astronómico da Universidade de Coimbra lança projecto destinado ao Ensino Básico e Secundário. A ideia é contribuir para um melhor conhecimento do Astro-Rei.
Promover a ciência e a astronomia em particular junto dos alunos dos 2 e 3º ciclos do Ensino Básico e Ensino Secundário. É este o objectivo do recente projecto “Sol para Todos”, organizado pelo Observatório Astronómico da Universidade de Coimbra.
O projecto desenvolve-se tendo por centro o espólio de mais de 30.000 imagens do Sol – espectroheliogramas - existentes no Observatório Astronómico da Universidade de Coimbra, fruto de um trabalho de mais de 80 anos de observações diárias do Sol, iniciado em 1926. Actualmente, encontram-se digitalizadas e disponíveis ao público aproximadamente 15.000 imagens, fruto de um projecto igualmente financiado pelo Ciência Viva, que decorreu entre 2002 e 2004. As restantes imagens encontram-se ainda em processo de digitalização.
Esta iniciativa pretende assim disponibilizar esta colecção sob a forma digital via internet a alunos portugueses e estrangeiros, bem como um conjunto de actividades que permitam o uso dessas imagens com vista à realização de trabalhos de introdução ao método científico e à investigação, que terão como pano de fundo o Sol e a sua atmosfera.
Procurando contribuir para um melhor conhecimento do Astro-Rei, e da sua influência no ambiente do nosso planeta, João Fernandes, do Departamento de Matemática da Universidade de Coimbra e Observatório Astronómico da Universidade de Coimbra, e Coordenador do projecto, convida alunos e professores a participarem em actividades que “pretendem ser pluridisciplinares e foram pensadas para uma utilização óptima dentro do projecto área-escola, embora possam perfeitamente ser executadas, quer em sala de aula e/ou em ambiente de atelier”.
Ao todo são sete as actividades propostas e incluem áreas como a Matemática, a Geografia, as TIC e as disciplinas de Ciências. Seja em aulas, e de acordo com o programa, ou em Clubes de Astronomia, os alunos do Ensino Básico podem participar na contagem de manchas solares; no Ciclo dos 11 anos e na identificação do máximo e mínimo solar; no filme da rotação solar e na determinação das dimensões de uma protuberância.
Já para os alunos do Ensino Secundário estão preparadas projectos como o Ciclo de 11 anos de actividade em outras imagens do Sol; a comparação do número de manchas com a temperatura e pressão atmosférica em Coimbra e a determinação da velocidade e período de rotação do Sol.
Este projecto tem o apoio da Agência Ciência Viva e do Programa Operacional Ciência e Inovação 2010 e decorre ao longo de todo este ano lectivo.
Mais informações:
www.mat.uc.pt/sun4all
25 de setembro de 2007
2 de agosto de 2007
Uma lufada de ar fresco
Economistas e gestores dizem que o projecto não é viável e aconselham o Ar.Co a fechar as portas já desde 73. Resistentes, nunca fecharam e prestes a fazer 35 anos receberam o prémio Gulbenkian Educação.
A ambição de criar uma alternativa para a situação do ensino artístico em Portugal numa época de estagnação política e cultural levou a que um grupo de pessoas ligadas ao ensino da arte - a maior parte saída da escola de belas artes – se juntasse para dar corpo a um projecto com um tipo de ensino alternativo, mais informal, menos burocratizado, menos oficioso... “Alguns ainda experimentaram ensinar em algumas instituições recentes da altura mas acabaram por formar o Ar.Co, na altura como uma sociedade anónima que rapidamente, 2 anos depois, veio a ser transformada numa associação por se ver que havia grandes vantagens”, recorda Manuel Castro Caldas, actual director executivo do Ar.Co.
Já lá vão quase 35 anos. À cabeça do grupo de fundadores estava Manuel Costa Cabral – que veio a ser director do Ar.Co durante 22 anos - e Graça Costa Cabral. A apoiá-los financeiramente surge Lucinda Godinho, mecenas avant la lettre, a quem hoje nos espaços do Ar.Co, entre a Rua de Santiago, em Lisboa, e a Quinta de São Miguel, em Almada, ainda chamam de “Nossa Senhora”.
O Ar.Co propunha então uma pedagogia aberta à experimentação e à interrogação constante sobre as suas próprias funções e limites. Segundo o slogan da altura o plano de estudos do Ar.Co “não era um curso mas um percurso”, permitindo grande liberdade aos estudantes na escolha de um programa pessoal e proporcionando-lhes no próprio local de formação o contacto e o confronto critico com os mais diversos acontecimentos culturais.
A primeira ideia era uma escola de arte independente. Em que é que isso resultou no inicio? “Numa espécie de centro cultural - que era mais ou menos o desenho do que era possível fazer nessa altura e sobretudo em torno dos anos da revolução - que como tinha poucos programas era muito aberto a todas as propostas que viessem de fora... E o Ar.Co fazia todo o género de actividades de formação e já num estilo que ia desde os pequenos cursos até às conferências...”, explica Manuel Castro Caldas, sublinhando que o Ar.Co “era, sobretudo um centro que acolhia”.
À medida que acolhia também se foi organizando. Antes do fim dos anos 80 o actual director executivo entende que não se pode falar de um programa competitivo ao nível profissionalizante, mas depois, “com a reformulação dos programas, desde o fim dos anos 80 até aos anos 90, o Ar.Co passou a ter uma predominância quase hegemónica na produção de autores/artistas.”, esclarece. Hoje em dia, reconhecem que já não têm o monopólio mas, sublinha Manuel Castro Caldas, “nunca mais perdemos essa posição de destaque na formação de artistas para o mercado de primeira linha”.
A escola, que começou com um grupo de cerca de 60 alunos e aqui há uns anos atrás tinha 850, tem vindo a crescer. “Isto cresceu muito em quase 35 anos” afirma Manuel Castro Caldas. Ainda assim, o director executivo não tem dúvidas em afirmar que este era, e é ainda visto como um projecto improvável. “É improvável financeiramente e desde 1973 que os economistas e gestores não param de nos dizer isto, que isto “não é viável”, “fechem a porta”... E nós não fechamos”.
Prestes a fazer 35 anos nunca fecharam as portas. Fazem um balanço “muito positivo” destes anos de trabalho, mas as contrariedades são muitas. “Isto nasceu a lutar contra a corrente em muitos aspectos para conseguir sobreviver e, além de sobreviver, ainda estar a pôr aqui qualquer coisa que faz falta na sociedade portuguesa e seria pena não haver...”, afirma Manuel Castro Caldas.
Desde há anos que estão a sofrer gravíssimos problemas logísticos e financeiros porque decresceu o número de alunos - situação que se repete um pouco por todas as instituições. O director executivo reconhece que o Ar.Co passou por muitas crises mas, afirma, “nos últimos cinco anos isto tem sido mesmo difícil”. É uma espécie de jogo de equilíbrios e balanços constantes onde todos os anos “este balanço tem que se fazer de maneira diferente: conforme as coisas se passam, conforme há mais dinheiro, conforme há menos dinheiro, conforme há mais alunos, conforme há menos alunos... mas temo-lo feito!”, explica.
Por tudo isto, neste momento, ter o reconhecimento de uma instituição como é a Fundação Gulbenkian, “é da maior importância”, afirma. Para o Ar.Co receber o Prémio Gulbenkian Educação “é uma grande honra e uma enorme lufada de ar fresco”, mas para Manuel Castro Caldas o mais importante é mesmo que o reconhecimento venha do lado da educação. “Isso para mim é muito importante porque o Ar.Co sempre foi visto na sociedade portuguesa – penso eu - como uma coisa meia do meio artístico. o Ar.Co o que faz é formação. Na verdade é formação artística, mas é formação”, justifica.
Com um público muito variado, nas instalações do Ar.Co é possível encontrar pessoas de todas as idades e com os mais diversos objectivos. “É no tipo de formação e no modo como dá a formação que [o Ar.Co] difere substancialmente das outras escolas”, salienta Manuel Castro Caldas. Há quem procure uma formação pontual, quase do tipo de sensibilização ou, às vezes, quase com efeitos terapêuticos - coisa de que Manuel Castro Caldas se orgulha muito porque, defende, “a formação artística é muito forte para efeitos terapêuticos”. E por outro lado, não falta uma “formação absolutamente completa, exigente, sistemática”, “de autor”, “competitiva com as outras formações existentes no mercado e sempre a automonitorizar a sua qualidade e os seus resultados” – os cursos multianuais profissionalizantes na área da cerâmica, escultura, joalharia, pintura, desenho, ilustração e banda desenhada, design gráfico, história e teoria da arte, cinema. Não foram também esquecidos os tradicionais cursos de Verão, os cursos para miúdos, e os cursos feitos noutras escolas como aconteceu este ano na St Julian’s School.
O valor do prémio Gulbenkian educação – 50 mil euros - ainda não tem nenhum destino específico mas, segundo o director executivo, vai permitir “continuar a andar para a frente e a ter planos de desenvolvimento” ao mesmo tempo que lhes dá alguma segurança de que não vão fechar a porta amanhã.
Para o futuro os planos são não estagnar, não deixar que a mediocridade; o hábito; a monotonia e a falta de interesse se instale e manter o nível de exigência alto. O objectivo “é sempre melhorar”, salienta.
Economistas e gestores dizem que o projecto não é viável e aconselham o Ar.Co a fechar as portas já desde 73. Resistentes, nunca fecharam e prestes a fazer 35 anos receberam o prémio Gulbenkian Educação.
A ambição de criar uma alternativa para a situação do ensino artístico em Portugal numa época de estagnação política e cultural levou a que um grupo de pessoas ligadas ao ensino da arte - a maior parte saída da escola de belas artes – se juntasse para dar corpo a um projecto com um tipo de ensino alternativo, mais informal, menos burocratizado, menos oficioso... “Alguns ainda experimentaram ensinar em algumas instituições recentes da altura mas acabaram por formar o Ar.Co, na altura como uma sociedade anónima que rapidamente, 2 anos depois, veio a ser transformada numa associação por se ver que havia grandes vantagens”, recorda Manuel Castro Caldas, actual director executivo do Ar.Co.
Já lá vão quase 35 anos. À cabeça do grupo de fundadores estava Manuel Costa Cabral – que veio a ser director do Ar.Co durante 22 anos - e Graça Costa Cabral. A apoiá-los financeiramente surge Lucinda Godinho, mecenas avant la lettre, a quem hoje nos espaços do Ar.Co, entre a Rua de Santiago, em Lisboa, e a Quinta de São Miguel, em Almada, ainda chamam de “Nossa Senhora”.
O Ar.Co propunha então uma pedagogia aberta à experimentação e à interrogação constante sobre as suas próprias funções e limites. Segundo o slogan da altura o plano de estudos do Ar.Co “não era um curso mas um percurso”, permitindo grande liberdade aos estudantes na escolha de um programa pessoal e proporcionando-lhes no próprio local de formação o contacto e o confronto critico com os mais diversos acontecimentos culturais.
A primeira ideia era uma escola de arte independente. Em que é que isso resultou no inicio? “Numa espécie de centro cultural - que era mais ou menos o desenho do que era possível fazer nessa altura e sobretudo em torno dos anos da revolução - que como tinha poucos programas era muito aberto a todas as propostas que viessem de fora... E o Ar.Co fazia todo o género de actividades de formação e já num estilo que ia desde os pequenos cursos até às conferências...”, explica Manuel Castro Caldas, sublinhando que o Ar.Co “era, sobretudo um centro que acolhia”.
À medida que acolhia também se foi organizando. Antes do fim dos anos 80 o actual director executivo entende que não se pode falar de um programa competitivo ao nível profissionalizante, mas depois, “com a reformulação dos programas, desde o fim dos anos 80 até aos anos 90, o Ar.Co passou a ter uma predominância quase hegemónica na produção de autores/artistas.”, esclarece. Hoje em dia, reconhecem que já não têm o monopólio mas, sublinha Manuel Castro Caldas, “nunca mais perdemos essa posição de destaque na formação de artistas para o mercado de primeira linha”.
A escola, que começou com um grupo de cerca de 60 alunos e aqui há uns anos atrás tinha 850, tem vindo a crescer. “Isto cresceu muito em quase 35 anos” afirma Manuel Castro Caldas. Ainda assim, o director executivo não tem dúvidas em afirmar que este era, e é ainda visto como um projecto improvável. “É improvável financeiramente e desde 1973 que os economistas e gestores não param de nos dizer isto, que isto “não é viável”, “fechem a porta”... E nós não fechamos”.
Prestes a fazer 35 anos nunca fecharam as portas. Fazem um balanço “muito positivo” destes anos de trabalho, mas as contrariedades são muitas. “Isto nasceu a lutar contra a corrente em muitos aspectos para conseguir sobreviver e, além de sobreviver, ainda estar a pôr aqui qualquer coisa que faz falta na sociedade portuguesa e seria pena não haver...”, afirma Manuel Castro Caldas.
Desde há anos que estão a sofrer gravíssimos problemas logísticos e financeiros porque decresceu o número de alunos - situação que se repete um pouco por todas as instituições. O director executivo reconhece que o Ar.Co passou por muitas crises mas, afirma, “nos últimos cinco anos isto tem sido mesmo difícil”. É uma espécie de jogo de equilíbrios e balanços constantes onde todos os anos “este balanço tem que se fazer de maneira diferente: conforme as coisas se passam, conforme há mais dinheiro, conforme há menos dinheiro, conforme há mais alunos, conforme há menos alunos... mas temo-lo feito!”, explica.
Por tudo isto, neste momento, ter o reconhecimento de uma instituição como é a Fundação Gulbenkian, “é da maior importância”, afirma. Para o Ar.Co receber o Prémio Gulbenkian Educação “é uma grande honra e uma enorme lufada de ar fresco”, mas para Manuel Castro Caldas o mais importante é mesmo que o reconhecimento venha do lado da educação. “Isso para mim é muito importante porque o Ar.Co sempre foi visto na sociedade portuguesa – penso eu - como uma coisa meia do meio artístico. o Ar.Co o que faz é formação. Na verdade é formação artística, mas é formação”, justifica.
Com um público muito variado, nas instalações do Ar.Co é possível encontrar pessoas de todas as idades e com os mais diversos objectivos. “É no tipo de formação e no modo como dá a formação que [o Ar.Co] difere substancialmente das outras escolas”, salienta Manuel Castro Caldas. Há quem procure uma formação pontual, quase do tipo de sensibilização ou, às vezes, quase com efeitos terapêuticos - coisa de que Manuel Castro Caldas se orgulha muito porque, defende, “a formação artística é muito forte para efeitos terapêuticos”. E por outro lado, não falta uma “formação absolutamente completa, exigente, sistemática”, “de autor”, “competitiva com as outras formações existentes no mercado e sempre a automonitorizar a sua qualidade e os seus resultados” – os cursos multianuais profissionalizantes na área da cerâmica, escultura, joalharia, pintura, desenho, ilustração e banda desenhada, design gráfico, história e teoria da arte, cinema. Não foram também esquecidos os tradicionais cursos de Verão, os cursos para miúdos, e os cursos feitos noutras escolas como aconteceu este ano na St Julian’s School.
O valor do prémio Gulbenkian educação – 50 mil euros - ainda não tem nenhum destino específico mas, segundo o director executivo, vai permitir “continuar a andar para a frente e a ter planos de desenvolvimento” ao mesmo tempo que lhes dá alguma segurança de que não vão fechar a porta amanhã.
Para o futuro os planos são não estagnar, não deixar que a mediocridade; o hábito; a monotonia e a falta de interesse se instale e manter o nível de exigência alto. O objectivo “é sempre melhorar”, salienta.
26 de julho de 2007
Pais e mães a dobrar
Reformados ou a trabalhar muitos avós são um apoio fundamental na vida dos filhos e netos. Além do mimo e carinho os avós são um poço de conhecimento e experiências.
“É um cavalo bravo que foi amansado pelo filho para o neto poder montar”. É assim, desta maneira humorística, que Fernando Ribeiro Castro, da Associação Portuguesa de Famílias Numerosas e já avô de nove netos, define os avós. Uma imagem que reflecte uma maior disponibilidade e paciência dos avós para com os netos, sendo que muitos assumem fazer agora com os mais pequenos aquilo que não faziam com os filhos.
E não se pense que pelo facto de as pessoas terem filhos cada vez mais tarde os avós estejam a ficar mais velhos. Muito pelo contrário. Porque a esperança de vida é maior - 81 anos para as mulheres, 74 para os homens, segundo números de 2004 -, os avós modernos são cada vez mais novos - ou cada vez menos velhos – e tendem a ser mais activos e mais autónomos.
“Como trabalham e vivem até mais tarde, mantêm-se activos e de boa saúde durante muitos anos”, explica Daniel Sampaio. O psiquiatra sublinha que hoje em dia os avós são fundamentais. A razão é simples. “Como em Portugal se apoiam muito pouco os pais, cabe aos avós essa ajuda decisiva”, justifica.
Uma ajuda que muitas vezes vai muito além da simples “guarda” dos petizes. Os avós asseguram outras funções e substituem os pais em idas a médicos, reuniões escolares, actividades extra-escolares... Na ausência dos progenitores são eles que brincam, passeiam e ensinam os mais novos, assumindo um papel de socialização das crianças e um complemento essencial na sua educação e equilíbrio emocional, transmitindo-lhes referências, segurança e afectividade.
“Os avós são os historiadores da família, trazem o passado que ajuda a reestruturar o futuro. Sem referências, não se formam as identidades nem se constróem valores. Os avós são, cada vez mais, o garante de tudo isso”, afirma Daniel Sampaio.
Fernando Ribeiro Castro, da APFN, também defende que os avós são um factor de estabilidade na família e responsáveis por uma transmissão de conhecimentos e velhas regras que vão sendo passadas por provérbios, fábulas ou histórias. Por isso mesmo, garante que o contacto de gerações é fundamental. “Perdeu-se bastante há coisa de 20 anos devido aos movimentos migratórios mas agora está-se a recuperar”. E ainda bem. “Estando longe, os pais não se apercebem dos problemas dos filhos, às vezes é necessário uma palavra ou mesmo dinheiro e essa proximidade com os pais é importante”, explica Fernando Ribeiro Castro.
“Conselheiros para os filhos” e “um apoio para os netos” os avós têm “uma seriedade que deriva da experiência de vida e da idade”. Por isso mesmo o responsável da APFN não tem dúvidas de que os pais só deixam de ser pais quando morrem. “Enquanto avós vivemos muitos problemas dos nossos filhos. É importante deixá-los errar mesmo sabendo que depois acaba por sobrar para nós”, explica. Mas é assim que se cresce, e se aprende, e se ganha a tal experiência de vida que estes avós já têm.
Fernando Ribeiro Castro já tem 9 netos. Um trabalho árduo? “É diferente. É girissimo. Há um clima e uma experiência de entreajuda entre todos. Cria-se uma comunidade de apoio, laços de família fortes com histórias comuns e um grau de confiança”, garante.
E é esta confiança nos avós – sejam as famílias mais ou menos numerosas - bem como factores de segurança e bem estar da criança, que faz com que em Portugal se recorra frequentemente a estes familiares para tomar conta dos filhos. A incompatibilidade entre os horários profissionais dos pais e os horários das escolas, jardins de infância e creches ou mesmo a insuficiência de instituições publicas assim o “obriga”.
E para os avós tomar conta dos netos diariamente ou num fim-de-semana é muito mais um prazer do que uma obrigação. E tudo se arranja. Mesmo quando a um fim-de-semana já planeado com os filhos mais novos se juntam mais 5 netos. Fernando Ribeiro Castro tem a justificação: “A alegria deles não se paga e compensa tudo”.
A criação do Dia Nacional dos Avós foi aprovada na Assembleia da República a 22 de Maio de 2003 por iniciativa da deputada social-democrata Ana Manso. A data assinala-se todos os anos a 26 de Julho, dia de Santa Ana e de São Joaquim que, como foram pais de Maria e avós de Jesus Cristo, são os padroeiros dos avós. O Dia dos Avós tem como objectivo destacar e promover o papel dos avós no seio da família e da sociedade.
Reformados ou a trabalhar muitos avós são um apoio fundamental na vida dos filhos e netos. Além do mimo e carinho os avós são um poço de conhecimento e experiências.
“É um cavalo bravo que foi amansado pelo filho para o neto poder montar”. É assim, desta maneira humorística, que Fernando Ribeiro Castro, da Associação Portuguesa de Famílias Numerosas e já avô de nove netos, define os avós. Uma imagem que reflecte uma maior disponibilidade e paciência dos avós para com os netos, sendo que muitos assumem fazer agora com os mais pequenos aquilo que não faziam com os filhos.
E não se pense que pelo facto de as pessoas terem filhos cada vez mais tarde os avós estejam a ficar mais velhos. Muito pelo contrário. Porque a esperança de vida é maior - 81 anos para as mulheres, 74 para os homens, segundo números de 2004 -, os avós modernos são cada vez mais novos - ou cada vez menos velhos – e tendem a ser mais activos e mais autónomos.
“Como trabalham e vivem até mais tarde, mantêm-se activos e de boa saúde durante muitos anos”, explica Daniel Sampaio. O psiquiatra sublinha que hoje em dia os avós são fundamentais. A razão é simples. “Como em Portugal se apoiam muito pouco os pais, cabe aos avós essa ajuda decisiva”, justifica.
Uma ajuda que muitas vezes vai muito além da simples “guarda” dos petizes. Os avós asseguram outras funções e substituem os pais em idas a médicos, reuniões escolares, actividades extra-escolares... Na ausência dos progenitores são eles que brincam, passeiam e ensinam os mais novos, assumindo um papel de socialização das crianças e um complemento essencial na sua educação e equilíbrio emocional, transmitindo-lhes referências, segurança e afectividade.
“Os avós são os historiadores da família, trazem o passado que ajuda a reestruturar o futuro. Sem referências, não se formam as identidades nem se constróem valores. Os avós são, cada vez mais, o garante de tudo isso”, afirma Daniel Sampaio.
Fernando Ribeiro Castro, da APFN, também defende que os avós são um factor de estabilidade na família e responsáveis por uma transmissão de conhecimentos e velhas regras que vão sendo passadas por provérbios, fábulas ou histórias. Por isso mesmo, garante que o contacto de gerações é fundamental. “Perdeu-se bastante há coisa de 20 anos devido aos movimentos migratórios mas agora está-se a recuperar”. E ainda bem. “Estando longe, os pais não se apercebem dos problemas dos filhos, às vezes é necessário uma palavra ou mesmo dinheiro e essa proximidade com os pais é importante”, explica Fernando Ribeiro Castro.
“Conselheiros para os filhos” e “um apoio para os netos” os avós têm “uma seriedade que deriva da experiência de vida e da idade”. Por isso mesmo o responsável da APFN não tem dúvidas de que os pais só deixam de ser pais quando morrem. “Enquanto avós vivemos muitos problemas dos nossos filhos. É importante deixá-los errar mesmo sabendo que depois acaba por sobrar para nós”, explica. Mas é assim que se cresce, e se aprende, e se ganha a tal experiência de vida que estes avós já têm.
Fernando Ribeiro Castro já tem 9 netos. Um trabalho árduo? “É diferente. É girissimo. Há um clima e uma experiência de entreajuda entre todos. Cria-se uma comunidade de apoio, laços de família fortes com histórias comuns e um grau de confiança”, garante.
E é esta confiança nos avós – sejam as famílias mais ou menos numerosas - bem como factores de segurança e bem estar da criança, que faz com que em Portugal se recorra frequentemente a estes familiares para tomar conta dos filhos. A incompatibilidade entre os horários profissionais dos pais e os horários das escolas, jardins de infância e creches ou mesmo a insuficiência de instituições publicas assim o “obriga”.
E para os avós tomar conta dos netos diariamente ou num fim-de-semana é muito mais um prazer do que uma obrigação. E tudo se arranja. Mesmo quando a um fim-de-semana já planeado com os filhos mais novos se juntam mais 5 netos. Fernando Ribeiro Castro tem a justificação: “A alegria deles não se paga e compensa tudo”.
A criação do Dia Nacional dos Avós foi aprovada na Assembleia da República a 22 de Maio de 2003 por iniciativa da deputada social-democrata Ana Manso. A data assinala-se todos os anos a 26 de Julho, dia de Santa Ana e de São Joaquim que, como foram pais de Maria e avós de Jesus Cristo, são os padroeiros dos avós. O Dia dos Avós tem como objectivo destacar e promover o papel dos avós no seio da família e da sociedade.
1 de junho de 2007
Quando ir à escola magoa
Humilhações e ofensas fazem parte do dia-a-dia das vitimas de bullying. Cerca de metade dos alunos já esteve envolvida neste fenómeno. A maioria não diz nada por vergonha.
João Miguel, aluno da escola EB 2, 3 de Rio Tinto foi vitima de perseguição psicológica e ameaças físicas por parte dos colegas durante ano e meio. O jovem aluno é a mais recente vitima de bullying conhecida.
Apupos, insultos, encontrões, humilhações e ameaças são armas constantes que disparam na direcção de João Miguel e de outros tantos alunos das escolas portuguesas que, por vergonha, preferem manter o silêncio. Segundo Sónia Seixas, doutorada em psicologia, com uma tese sobre o fenómeno do bullying, estima-se que, em média, em Portugal, cerca de metade dos alunos se encontram, de algum modo, envolvidos neste tipo de comportamentos. Tanto podem ser agressores como podem ser vítimas, ou como podem ser vítimas agressivas - os alunos, normalmente menos frequentes, que assumem a dupla dimensão de serem agressores e de serem também eles vitimizados.
«O Bullying é uma conduta agressiva intencional, normalmente entre colegas, com um carácter repetitivo e sistemático que causa sofrimento na vitima e que tem como grande característica, a desigualdade de poder entre os envolvidos», explica Sónia Seixas. E é esta desigualdade de poder entre os alunos – o tamanho e força do aluno, a idade, o estatuto social, o ter ou não ter apoio por parte de outros colegas, ou estar inserido num grupo ou ter um número mais elevado de amigos - que distingue o bullying de outros tipos de violência e que o torna num fenómeno escondido.
No bullying a vitima, submetendo-se a um agressor, aquele que domina, em muitos dos casos não faz qualquer queixa porque, afirma Sónia Seixas, «têm vergonha». E isto levanta outra questão: até que ponto é que as incidências que conhecemos, seja em Portugal, seja noutros países, serão verdadeiras incidências? O fenómeno assume uma dimensão secreta, escondida, minimizada, tolerada ou ignorada por professores, pais e funcionários. «[Os casos] não são fáceis de identificar mas não costumam passar despercebidos entre colegas», alerta Sónia Seixas.
Em termos de perfil os agressores tendem a ser alunos mais auto-confiantes que utilizam a agressão como forma de domínio, reforçando assim a sua sensação de autoconfiança e de auto-estima. São alunos mais activos, com um bom autoconceito físico e socialmente enquadrados sendo vistos pelos pares com uma espécie de ídolo ou de aluno que não se afronta porque se tem medo.
Já as vítimas apresentam um baixo autoconceito, uma baixa auto-estima, uma baixa confiança em si e um maior sentimento de solidão e de isolamento social. Com um número reduzido de amigos e com tendência para serem socialmente rejeitados pelos pares são, de um modo geral, alunos mais tímidos, com uma maior dificuldade de estabelecer relações com os colegas e, consequentemente, também têm menores redes de suporte social que lhes permita ter, eventualmente, colegas que os defendam numa situação de envolvimento com alunos agressores.
Curiosamente, como sublinha Sónia Seixas, verifica-se que o bullying tem consequências no desempenho escolar de ambos os alunos – vitima e agressor - que se reflectem em baixos resultados académicos.
E não se pense que este tipo de agressão entre os alunos faz parte do desenvolvimento normal das crianças. «Os conflitos são normais no desenvolvimento da criança, o que não é natural é resolvê-los de forma agressiva e com violência», salienta Sónia Seixas.
Por isso mesmo, Ministério da Educação, professores, funcionários e pais não podem fechar os olhos face a este fenómeno – que «sempre existiu mas agora tem mais visibilidade» - e têm de cumprir o seu papel.
O primeiro passo poderá ser apostar mais na prevenção de modo a evitar o envolvimentos dos alunos neste tipo de comportamentos. Apostar na formação de professores; sensibilizar a comunidade educativa para o fenómeno do bullying, mostrando que não se trata de algo normal; criar regras de conduta e uma cultura de intolerância zero nas escolas face a estes comportamentos; incentivar a supervisão por parte dos adultos e motivá-los a gerir conflitos, e uma intervenção directa com os alunos, que também passará por ensiná-los a gerir conflitos, são algumas das medidas que Sónia Seixas acredita que podem evitar outros casos de bullying.
Mas para quem já é vitima de bullying a prevenção não chegou a tempo. O que fazer então? «Deve-se dotar a vitima de competências de assertividade para que se autoafirmem de forma afirmativa e não agressiva, não se deixando subjugar ao ataque», explica Sónia Seixas. Mas este passo, como a própria reconhece, «demora tempo».
Entretanto, enquanto estas vitimas silenciosas não desenvolvem melhor a sua auto-imagem e autoestima, há pequenos truques que podem ser seguidos: evitar sítios isolados ou locais onde estejam os agressores habituais – normalmente os episódios ocorrem no recreio ou em zonas como os balneários e os corredores, que se encontram afastadas da supervisão dos adultos -; evitar confrontos com potenciais agressores; utilizar estratégias de humor face à situação, quando são gozados ou troçados; evitar estarem sozinhos e andarem em grupo, procurando integrar-se em brincadeiras, já que sem amigos os alunos são alvos fáceis devido ao isolamento.
Os colegas podem aliás ter um papel essencial na resolução de situações de bullying. Relatando o acontecimento e deixando de ser «os chamados observadores passivos ou a maioria silenciosa», o grupo de pares deve estar sensibilizado para intervir no sentido de acabar com situações de bullying que estejam a ocorrer entre colegas e apoiarem as vitimas deste fenómeno.
Humilhações e ofensas fazem parte do dia-a-dia das vitimas de bullying. Cerca de metade dos alunos já esteve envolvida neste fenómeno. A maioria não diz nada por vergonha.
João Miguel, aluno da escola EB 2, 3 de Rio Tinto foi vitima de perseguição psicológica e ameaças físicas por parte dos colegas durante ano e meio. O jovem aluno é a mais recente vitima de bullying conhecida.
Apupos, insultos, encontrões, humilhações e ameaças são armas constantes que disparam na direcção de João Miguel e de outros tantos alunos das escolas portuguesas que, por vergonha, preferem manter o silêncio. Segundo Sónia Seixas, doutorada em psicologia, com uma tese sobre o fenómeno do bullying, estima-se que, em média, em Portugal, cerca de metade dos alunos se encontram, de algum modo, envolvidos neste tipo de comportamentos. Tanto podem ser agressores como podem ser vítimas, ou como podem ser vítimas agressivas - os alunos, normalmente menos frequentes, que assumem a dupla dimensão de serem agressores e de serem também eles vitimizados.
«O Bullying é uma conduta agressiva intencional, normalmente entre colegas, com um carácter repetitivo e sistemático que causa sofrimento na vitima e que tem como grande característica, a desigualdade de poder entre os envolvidos», explica Sónia Seixas. E é esta desigualdade de poder entre os alunos – o tamanho e força do aluno, a idade, o estatuto social, o ter ou não ter apoio por parte de outros colegas, ou estar inserido num grupo ou ter um número mais elevado de amigos - que distingue o bullying de outros tipos de violência e que o torna num fenómeno escondido.
No bullying a vitima, submetendo-se a um agressor, aquele que domina, em muitos dos casos não faz qualquer queixa porque, afirma Sónia Seixas, «têm vergonha». E isto levanta outra questão: até que ponto é que as incidências que conhecemos, seja em Portugal, seja noutros países, serão verdadeiras incidências? O fenómeno assume uma dimensão secreta, escondida, minimizada, tolerada ou ignorada por professores, pais e funcionários. «[Os casos] não são fáceis de identificar mas não costumam passar despercebidos entre colegas», alerta Sónia Seixas.
Em termos de perfil os agressores tendem a ser alunos mais auto-confiantes que utilizam a agressão como forma de domínio, reforçando assim a sua sensação de autoconfiança e de auto-estima. São alunos mais activos, com um bom autoconceito físico e socialmente enquadrados sendo vistos pelos pares com uma espécie de ídolo ou de aluno que não se afronta porque se tem medo.
Já as vítimas apresentam um baixo autoconceito, uma baixa auto-estima, uma baixa confiança em si e um maior sentimento de solidão e de isolamento social. Com um número reduzido de amigos e com tendência para serem socialmente rejeitados pelos pares são, de um modo geral, alunos mais tímidos, com uma maior dificuldade de estabelecer relações com os colegas e, consequentemente, também têm menores redes de suporte social que lhes permita ter, eventualmente, colegas que os defendam numa situação de envolvimento com alunos agressores.
Curiosamente, como sublinha Sónia Seixas, verifica-se que o bullying tem consequências no desempenho escolar de ambos os alunos – vitima e agressor - que se reflectem em baixos resultados académicos.
E não se pense que este tipo de agressão entre os alunos faz parte do desenvolvimento normal das crianças. «Os conflitos são normais no desenvolvimento da criança, o que não é natural é resolvê-los de forma agressiva e com violência», salienta Sónia Seixas.
Por isso mesmo, Ministério da Educação, professores, funcionários e pais não podem fechar os olhos face a este fenómeno – que «sempre existiu mas agora tem mais visibilidade» - e têm de cumprir o seu papel.
O primeiro passo poderá ser apostar mais na prevenção de modo a evitar o envolvimentos dos alunos neste tipo de comportamentos. Apostar na formação de professores; sensibilizar a comunidade educativa para o fenómeno do bullying, mostrando que não se trata de algo normal; criar regras de conduta e uma cultura de intolerância zero nas escolas face a estes comportamentos; incentivar a supervisão por parte dos adultos e motivá-los a gerir conflitos, e uma intervenção directa com os alunos, que também passará por ensiná-los a gerir conflitos, são algumas das medidas que Sónia Seixas acredita que podem evitar outros casos de bullying.
Mas para quem já é vitima de bullying a prevenção não chegou a tempo. O que fazer então? «Deve-se dotar a vitima de competências de assertividade para que se autoafirmem de forma afirmativa e não agressiva, não se deixando subjugar ao ataque», explica Sónia Seixas. Mas este passo, como a própria reconhece, «demora tempo».
Entretanto, enquanto estas vitimas silenciosas não desenvolvem melhor a sua auto-imagem e autoestima, há pequenos truques que podem ser seguidos: evitar sítios isolados ou locais onde estejam os agressores habituais – normalmente os episódios ocorrem no recreio ou em zonas como os balneários e os corredores, que se encontram afastadas da supervisão dos adultos -; evitar confrontos com potenciais agressores; utilizar estratégias de humor face à situação, quando são gozados ou troçados; evitar estarem sozinhos e andarem em grupo, procurando integrar-se em brincadeiras, já que sem amigos os alunos são alvos fáceis devido ao isolamento.
Os colegas podem aliás ter um papel essencial na resolução de situações de bullying. Relatando o acontecimento e deixando de ser «os chamados observadores passivos ou a maioria silenciosa», o grupo de pares deve estar sensibilizado para intervir no sentido de acabar com situações de bullying que estejam a ocorrer entre colegas e apoiarem as vitimas deste fenómeno.
8 de maio de 2007
Filosofia, para onde vais?
Está a decorrer uma petição que pede o alargamento da oferta da Filosofia e o regresso do exame. «As consequências da desvalorização da Filosofia são bem maiores do que aparentam», alertam.
Não havendo Exame Nacional de Filosofia nem no âmbito da formação específica (12º ano), nem no âmbito da formação geral (10º/11º anos), e de acordo com o quadro legal instituído, deixa de ser possível utilizar a Filosofia como critério para o acesso ao ensino superior, inclusive nos próprios cursos de Filosofia.
Esta situação não faz qualquer sentido para Maria Filomena Molder, Coordenadora do Departamento de Filosofia da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. E repete-se nas mais de três centenas de cursos do Ensino Superior que o requisitavam como prova de ingresso ao ensino superior, o que «veio realmente perturbar e mesmo desfigurar a relação entre o Ensino Secundário e o Ensino Universitário», argumenta a responsável académica..
A Associação de Professores de Filosofia (APF) considera «lamentável o facto de as aprendizagens em Filosofia terem deixado de ser objecto de avaliação externa», sublinhando que deveria haver um Exame Nacional que aproveitasse a presença da disciplina no currículo do Ensino Secundário como condição de acesso a cursos do Ensino Superior. Contudo, não acreditam que se esteja a dar um passo para o fim da filosofia até porque, segundo afirmam, do contacto que têm tido com o Ministério da Educação (ME), tem sido garantido que não só não se quer acabar com a disciplina no Ensino Secundário como «se reconhece a sua valência e se pretende valorizá-la».
Também Alice Santos e Luís Vilela, docentes de Filosofia, discordam do facto de se extinguir o exame e não compreendem a opção da tutela. Contudo, Alice Santos arrisca uma possível causa: «talvez por razões económicas, porque fica caro e são necessários muitos recursos humanos». Contactado pelo EDUCARE.PT o ME recusa esta hipótese mas não explicita o que o levou a tomar estas decisões.
Alice Santos defende igualmente que a Filosofia está «muito subtilmente a perder espaço [foi reduzida a disciplina opcional e retirada das disciplinas específicas]», temendo que a médio prazo seja posto em risco a obrigatoriedade da disciplina no 10º e 11º ano. A docente aponta ainda o dedo ao ME por surgirem regras numa semana, e na semana seguinte ser tudo alterado. «Os pais sentem-se angustiados e enganados pelo Ministério. Os professores são âncoras dos alunos mas muitas vezes resta-nos encolher os ombros porque não sabemos o que dizer. Quem está a promulgar não sabe o que está a fazer.», acusa.
Os próprios pais reconhecem a importância da filosofia para a formação dos filhos, defende Luís Vilela. E a explicação é simples. A Filosofia «é um espaço de dialogo e discussão, exercício de actividade argumentativa que não se encontra noutras disciplinas», garante Alice Santos. Exercício da razão, uma mais valia que dá poder para lidar com o mundo contemporâneo que outras disciplinas não dão, «primeiro estranha-se mas depois percebe-se e até se pode dominar», afirma.
Com «importância vital não só por si mas também pelas suas características», acrescenta Luís Vilela, a filosofia desenvolve capacidades argumentativas, de leitura, analise textual, clarificação e fundamentação de ideias. «Os alunos necessitam disso. Gostam disso», sublinha Luísa Almeida, docente na mesma escola.
Por tudo isto, Luís Vilela acredita que muitos pais poderão vir a assinar a petição que está a decorrer e que contém duas pretensões: alargar a oferta da disciplina de Filosofia a todos os cursos científico-humanísticos do 12.º ano e reintroduzir o exame nacional de Filosofia do 10.º/11.º anos para efeitos quer de conclusão do secundário, quer de ingresso no ensino superior.
Luísa Almeida defende que «não está em causa qualquer tipo de corporativismo» mas sim o reconhecimento da importância da filosofia. A comprová-lo decorreram vários debates com figuras de diferentes áreas profissionais e a petição já foi assinada por diversas personalidades como António Barreto, António Dias de Figueiredo, Carlos Fiolhais, Daniel Sampaio, Guilherme Valente, João Lopes Alves, José Pacheco Pereira, Nuno Crato ou Santana Castilho. A iniciativa continua a receber apoios diariamente e a petição vai continuar aberta até que as suas pretensões sejam atendidas pela tutela.
Também para a Sociedade Portuguesa de Filosofia a causa para estas medidas do ME continua a ser um mistério porque, dizem, «os vários responsáveis no ME nunca deram uma explicação científica e curricularmente fundamentada para estas decisões».
Segundo António Paulo Costa, da SPF, a verdade é que apesar de o Ministério se socorrer de argumentos segundo os quais a Filosofia teria agora mais "espaço" do que nunca a disciplina está «manifestamente a perder espaço no ensino secundário». A comprová-lo, argumenta, está «a injustificada» supressão do exame nacional de Filosofia, o «completo desincentivo» dos clubes de leitura e de estudo informal da Filosofia nas escolas; a «quase inexistência de oferta de acções de formação de Filosofia» por iniciativa do ME, bem como a aposta do ME em fazer crescer o peso do ensino profissionalizante no Secundário «onde a disciplina não está prevista».
Esta desvalorização social da Filosofia terá inevitavelmente consequências que se irão reflectir numa espécie de processo de “barbarização” de consciências «Um sistema de ensino que ignore ou desvalorize o papel decisivo de disciplinas como a filosofia no seu seio promove o aparecimento de cidadãos mais indiferentes e menos participativos, de pessoas mais acríticas e menos capazes de pensar por si», explica o responsável da SPF
Por isso mesmo garantem que o próximo passo terá de ser dado pela Ministra da Educação, que «não pode continuar a ignorar aquilo que lhe é solicitado em uníssono pela comunidade filosófica e por cidadãos que há muito perceberam que o desenvolvimento do país não pode ser feito atalhando na ciência, na cultura, na arte ou na Filosofia».
Está a decorrer uma petição que pede o alargamento da oferta da Filosofia e o regresso do exame. «As consequências da desvalorização da Filosofia são bem maiores do que aparentam», alertam.
Não havendo Exame Nacional de Filosofia nem no âmbito da formação específica (12º ano), nem no âmbito da formação geral (10º/11º anos), e de acordo com o quadro legal instituído, deixa de ser possível utilizar a Filosofia como critério para o acesso ao ensino superior, inclusive nos próprios cursos de Filosofia.
Esta situação não faz qualquer sentido para Maria Filomena Molder, Coordenadora do Departamento de Filosofia da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. E repete-se nas mais de três centenas de cursos do Ensino Superior que o requisitavam como prova de ingresso ao ensino superior, o que «veio realmente perturbar e mesmo desfigurar a relação entre o Ensino Secundário e o Ensino Universitário», argumenta a responsável académica..
A Associação de Professores de Filosofia (APF) considera «lamentável o facto de as aprendizagens em Filosofia terem deixado de ser objecto de avaliação externa», sublinhando que deveria haver um Exame Nacional que aproveitasse a presença da disciplina no currículo do Ensino Secundário como condição de acesso a cursos do Ensino Superior. Contudo, não acreditam que se esteja a dar um passo para o fim da filosofia até porque, segundo afirmam, do contacto que têm tido com o Ministério da Educação (ME), tem sido garantido que não só não se quer acabar com a disciplina no Ensino Secundário como «se reconhece a sua valência e se pretende valorizá-la».
Também Alice Santos e Luís Vilela, docentes de Filosofia, discordam do facto de se extinguir o exame e não compreendem a opção da tutela. Contudo, Alice Santos arrisca uma possível causa: «talvez por razões económicas, porque fica caro e são necessários muitos recursos humanos». Contactado pelo EDUCARE.PT o ME recusa esta hipótese mas não explicita o que o levou a tomar estas decisões.
Alice Santos defende igualmente que a Filosofia está «muito subtilmente a perder espaço [foi reduzida a disciplina opcional e retirada das disciplinas específicas]», temendo que a médio prazo seja posto em risco a obrigatoriedade da disciplina no 10º e 11º ano. A docente aponta ainda o dedo ao ME por surgirem regras numa semana, e na semana seguinte ser tudo alterado. «Os pais sentem-se angustiados e enganados pelo Ministério. Os professores são âncoras dos alunos mas muitas vezes resta-nos encolher os ombros porque não sabemos o que dizer. Quem está a promulgar não sabe o que está a fazer.», acusa.
Os próprios pais reconhecem a importância da filosofia para a formação dos filhos, defende Luís Vilela. E a explicação é simples. A Filosofia «é um espaço de dialogo e discussão, exercício de actividade argumentativa que não se encontra noutras disciplinas», garante Alice Santos. Exercício da razão, uma mais valia que dá poder para lidar com o mundo contemporâneo que outras disciplinas não dão, «primeiro estranha-se mas depois percebe-se e até se pode dominar», afirma.
Com «importância vital não só por si mas também pelas suas características», acrescenta Luís Vilela, a filosofia desenvolve capacidades argumentativas, de leitura, analise textual, clarificação e fundamentação de ideias. «Os alunos necessitam disso. Gostam disso», sublinha Luísa Almeida, docente na mesma escola.
Por tudo isto, Luís Vilela acredita que muitos pais poderão vir a assinar a petição que está a decorrer e que contém duas pretensões: alargar a oferta da disciplina de Filosofia a todos os cursos científico-humanísticos do 12.º ano e reintroduzir o exame nacional de Filosofia do 10.º/11.º anos para efeitos quer de conclusão do secundário, quer de ingresso no ensino superior.
Luísa Almeida defende que «não está em causa qualquer tipo de corporativismo» mas sim o reconhecimento da importância da filosofia. A comprová-lo decorreram vários debates com figuras de diferentes áreas profissionais e a petição já foi assinada por diversas personalidades como António Barreto, António Dias de Figueiredo, Carlos Fiolhais, Daniel Sampaio, Guilherme Valente, João Lopes Alves, José Pacheco Pereira, Nuno Crato ou Santana Castilho. A iniciativa continua a receber apoios diariamente e a petição vai continuar aberta até que as suas pretensões sejam atendidas pela tutela.
Também para a Sociedade Portuguesa de Filosofia a causa para estas medidas do ME continua a ser um mistério porque, dizem, «os vários responsáveis no ME nunca deram uma explicação científica e curricularmente fundamentada para estas decisões».
Segundo António Paulo Costa, da SPF, a verdade é que apesar de o Ministério se socorrer de argumentos segundo os quais a Filosofia teria agora mais "espaço" do que nunca a disciplina está «manifestamente a perder espaço no ensino secundário». A comprová-lo, argumenta, está «a injustificada» supressão do exame nacional de Filosofia, o «completo desincentivo» dos clubes de leitura e de estudo informal da Filosofia nas escolas; a «quase inexistência de oferta de acções de formação de Filosofia» por iniciativa do ME, bem como a aposta do ME em fazer crescer o peso do ensino profissionalizante no Secundário «onde a disciplina não está prevista».
Esta desvalorização social da Filosofia terá inevitavelmente consequências que se irão reflectir numa espécie de processo de “barbarização” de consciências «Um sistema de ensino que ignore ou desvalorize o papel decisivo de disciplinas como a filosofia no seu seio promove o aparecimento de cidadãos mais indiferentes e menos participativos, de pessoas mais acríticas e menos capazes de pensar por si», explica o responsável da SPF
Por isso mesmo garantem que o próximo passo terá de ser dado pela Ministra da Educação, que «não pode continuar a ignorar aquilo que lhe é solicitado em uníssono pela comunidade filosófica e por cidadãos que há muito perceberam que o desenvolvimento do país não pode ser feito atalhando na ciência, na cultura, na arte ou na Filosofia».
2 de abril de 2007
Uma noite na biblioteca
Pijama, saco-cama e alguns livros. É este o material necessário para pais e filhos participarem na iniciativa Pijama às Letras, em Oeiras. O objectivo é comemorar o aniversário de Hans Christian Andersen e sensibilizar para a leitura na infância.
Os primeiros convidados de palmo e meio, e respectivos acompanhantes, começam a chegar à Biblioteca Municipal de Algés. Lá dentro espera-os uma noite diferente – a noite do Pijama às Letras, realizada no âmbito do Programa Municipal de Promoção da Leitura “Oeiras a Ler” e que este ano, pela primeira vez, também se realiza noutras bibliotecas do município
Helena e o filho André Rocha, são dos primeiros a chegar. Entram e dão de caras com livros e balões coloridos que lhes dão as boas-vindas. À espera do pequeno André, e das outras crianças, está um enorme papel de cenário, instalado no chão de uma sala rodeada por computadores discretamente “escondidos” atrás de livros infantis, que em breve ficará preenchido com as obras de arte dos mais novos.
Há crianças deitadas no chão, outras gatinham em cima do próprio papel. Alguns já se esquecerem dos lápis e do desenho e folheiam sozinhos livros que ali estão. Alguns pais juntam-se a este momento artístico e outros aproveitam para, sentados no chão, mostrarem alguns livros às crianças, mas a maior parte acaba por esperar no exterior desta sala. Aqui não há qualquer birra e nem o barulho de um balão a rebentar distrai os mais pequenos.
Com o olho fisgado no filhote Helena conta-nos as razões de terem vindo. «Eu gosto muito de ler e o André gosta muito de ouvir as histórias, quer de livros quer inventadas, e à noite normalmente noite sim, noite não alternamos e contamos-lhe histórias».
Para Célia e André Simões, com 7 anos, este é já o segundo ano. Ficaram conquistados no ano passado e por isso estão de volta. Além disso, como refere Célia «esta é forma diferente de os familiarizar com a leitura e no contacto com outras crianças». Agora André já não gosta que mãe lhe leia histórias mas está muito entusiasmado com a aventura desta noite. E não é para mais.
Stella e Simão, as personagens do espectáculo preparado pela companhia Gato que Ladra, já estão à nossa espera para mais uma aventura. Quase às escuras, entramos silenciosamente para uma sala da biblioteca que por uma noite é transformada em teatro. Para verem melhor, as crianças ficam sentadas à frente, em almofadas espalhadas no chão, e os pais mais atrás. Não é preciso muito tempo para que uma criança mais pequena comece a chorar: «Eu quero a minha mãe». Já no colo familiar assiste ao toda a peça sem qualquer outro choro, apenas risos. E os risos, muitos risos, multiplicam-se entre as crianças e adultos.
Segue-se a festa de aniversário dos 202 anos de Hans Christian Andersen, «o pai da literatura infantil» como explica Ana Santos, com direito a cantar os parabéns, apagar as velas e partilhar o bolo. Stella e Simão juntam-se à festa e as crianças aproveitam para brincar, tirar fotografias e pedir autógrafos aos novos amigos. O sono parece estar longe e, afinal, é este o mundo das crianças.
Para João, as duas filhas e os sobrinhos, a noite termina aqui. «Já não apanhamos vaga para passar a noite por isso só assistimos ao espectáculo», explica João. Esta foi a primeira vez que vieram e apesar da ideia ter sido dos pais as crianças aderiram logo. João reconhece que não conta tantas histórias como queria mas aconselha todos os pais a terem esse hábito «porque faz parte do imaginário dos filhos».
Já para quem conseguiu vaga para passar a noite no palácio dos livros é tempo de vestir o pijama, lavar os dentes e enfiar-se dentro do saco-cama. Os grupos são chamados por famílias e recebem um cartão com uma pista - o nome de um livro - para encontrarem o cantinho que lhes vai servir de cama por uma noite.
Algumas crianças trazem a sua própria almofada e outros seguram um “amiguinho” de peluche que lhes vai fazer companhia nesta aventura. Devagar lá vão entrando na sala infantil, com cara de sótão e janelas para o céu, rodeada por estantes com livros e muitas histórias para os mais pequenos. Já preparados são surpreendidos com a última surpresa da noite: uma adaptação do grupo Hortelã-pimenta, em jeito de miniteatro, da história “ABC um tesouro para você” que leva até ao mundo do sonhos algumas das crianças que adormecem ao sabor desta história que nos revela que cada livro é um tesouro.
Dirigido a crianças entre os 3 e os 10 anos, o próximo Pijama às Letras está marcado para a noite de 13 para 14 de Abril na Biblioteca de Oeiras, onde além dos Parabéns a Andersen e da habitual surpresa os presentes poderão ainda assistir ao espectáculo Vassilissa, pelo grupo de teatro O Bando.
Pijama, saco-cama e alguns livros. É este o material necessário para pais e filhos participarem na iniciativa Pijama às Letras, em Oeiras. O objectivo é comemorar o aniversário de Hans Christian Andersen e sensibilizar para a leitura na infância.
Os primeiros convidados de palmo e meio, e respectivos acompanhantes, começam a chegar à Biblioteca Municipal de Algés. Lá dentro espera-os uma noite diferente – a noite do Pijama às Letras, realizada no âmbito do Programa Municipal de Promoção da Leitura “Oeiras a Ler” e que este ano, pela primeira vez, também se realiza noutras bibliotecas do município
Helena e o filho André Rocha, são dos primeiros a chegar. Entram e dão de caras com livros e balões coloridos que lhes dão as boas-vindas. À espera do pequeno André, e das outras crianças, está um enorme papel de cenário, instalado no chão de uma sala rodeada por computadores discretamente “escondidos” atrás de livros infantis, que em breve ficará preenchido com as obras de arte dos mais novos.
Há crianças deitadas no chão, outras gatinham em cima do próprio papel. Alguns já se esquecerem dos lápis e do desenho e folheiam sozinhos livros que ali estão. Alguns pais juntam-se a este momento artístico e outros aproveitam para, sentados no chão, mostrarem alguns livros às crianças, mas a maior parte acaba por esperar no exterior desta sala. Aqui não há qualquer birra e nem o barulho de um balão a rebentar distrai os mais pequenos.
Com o olho fisgado no filhote Helena conta-nos as razões de terem vindo. «Eu gosto muito de ler e o André gosta muito de ouvir as histórias, quer de livros quer inventadas, e à noite normalmente noite sim, noite não alternamos e contamos-lhe histórias».
Para Célia e André Simões, com 7 anos, este é já o segundo ano. Ficaram conquistados no ano passado e por isso estão de volta. Além disso, como refere Célia «esta é forma diferente de os familiarizar com a leitura e no contacto com outras crianças». Agora André já não gosta que mãe lhe leia histórias mas está muito entusiasmado com a aventura desta noite. E não é para mais.
Stella e Simão, as personagens do espectáculo preparado pela companhia Gato que Ladra, já estão à nossa espera para mais uma aventura. Quase às escuras, entramos silenciosamente para uma sala da biblioteca que por uma noite é transformada em teatro. Para verem melhor, as crianças ficam sentadas à frente, em almofadas espalhadas no chão, e os pais mais atrás. Não é preciso muito tempo para que uma criança mais pequena comece a chorar: «Eu quero a minha mãe». Já no colo familiar assiste ao toda a peça sem qualquer outro choro, apenas risos. E os risos, muitos risos, multiplicam-se entre as crianças e adultos.
Segue-se a festa de aniversário dos 202 anos de Hans Christian Andersen, «o pai da literatura infantil» como explica Ana Santos, com direito a cantar os parabéns, apagar as velas e partilhar o bolo. Stella e Simão juntam-se à festa e as crianças aproveitam para brincar, tirar fotografias e pedir autógrafos aos novos amigos. O sono parece estar longe e, afinal, é este o mundo das crianças.
Para João, as duas filhas e os sobrinhos, a noite termina aqui. «Já não apanhamos vaga para passar a noite por isso só assistimos ao espectáculo», explica João. Esta foi a primeira vez que vieram e apesar da ideia ter sido dos pais as crianças aderiram logo. João reconhece que não conta tantas histórias como queria mas aconselha todos os pais a terem esse hábito «porque faz parte do imaginário dos filhos».
Já para quem conseguiu vaga para passar a noite no palácio dos livros é tempo de vestir o pijama, lavar os dentes e enfiar-se dentro do saco-cama. Os grupos são chamados por famílias e recebem um cartão com uma pista - o nome de um livro - para encontrarem o cantinho que lhes vai servir de cama por uma noite.
Algumas crianças trazem a sua própria almofada e outros seguram um “amiguinho” de peluche que lhes vai fazer companhia nesta aventura. Devagar lá vão entrando na sala infantil, com cara de sótão e janelas para o céu, rodeada por estantes com livros e muitas histórias para os mais pequenos. Já preparados são surpreendidos com a última surpresa da noite: uma adaptação do grupo Hortelã-pimenta, em jeito de miniteatro, da história “ABC um tesouro para você” que leva até ao mundo do sonhos algumas das crianças que adormecem ao sabor desta história que nos revela que cada livro é um tesouro.
Dirigido a crianças entre os 3 e os 10 anos, o próximo Pijama às Letras está marcado para a noite de 13 para 14 de Abril na Biblioteca de Oeiras, onde além dos Parabéns a Andersen e da habitual surpresa os presentes poderão ainda assistir ao espectáculo Vassilissa, pelo grupo de teatro O Bando.
22 de março de 2007
Quanto custa estudar?
Parte do orçamento de muitas famílias destina-se a encargos com educação. O Estado permite deduzir cerca de 850 euros por ano, mas em alguns casos as despesas ultrapassam em muito esse valor. Em altura de entregar o IRS o Educare.pt fez as contas.
Cumprida a licença de maternidade e paternidade os pais regressam ao trabalho e deixam o novo elemento da família entregue ao cuidado dos avós, de amas ou de creches. Catarina ainda não tem 1 ano e enquanto os pais estão a trabalhar fica diariamente ao cuidado dos avós – um cenário que se repetirá até completar os 3 anos.
Se Cristina tivesse recorrido a uma creche ou mesmo a uma ama essas despesas poderiam ser deduzidas na entrega do IRS. Para que isso aconteça é necessário que as amas se encontrem legalizadas, estando colectadas nas finanças, e passem recibo verde correspondente e que os estabelecimentos de ensino estejam integrados no sistema nacional de educação - para o comprovar contacte o Gabinete de Informação e Avaliação do Sistema Educativo, do Ministério da Educação (www.giase.min-edu.pt)
A colaboração dos avós de Catarina é por isso uma ajuda na redução das despesas de educação que Cristina Martins irá apresentar este ano. Feitas as contas, são cerca de 4000 euros, entre material escolar, actividades extra-curriculares e a mensalidade do Externato Caracol, onde Francisco, de 5 anos, frequenta a pré-primária. «O custo mensal como o colégio [cerca de 300 euros] inclui o almoço e o lanche, música 1 vez por semana e ginástica 2 vezes», esclarece Cristina.
Apesar destas despesas Cristina pretende que a pequena Catarina siga os passos do irmão e, «enquanto os custos mensais possam ser suportados» pretende manter os dois a estudar no ensino privado. Também por isso, confrontada com o limite estabelecido no IRS para despesas de educação e formação profissional – 617,44 euros para uma família com dois filhos a estudar – Cristina defende que o «valor está longe do mínimo necessário para dar a melhor educação ao filhos, que inclui também as actividades extracurriculares». Para ultrapassar a situação sugere que este limite seja aumentado pelo menos para metade das despesas apresentadas «que têm de ser devidamente documentadas», sublinha.
Susana Graça também tem dois filhos e no seu caso os encargos mensais aumentam já que Beatriz, a filha mais nova, ingressou no infantário e o irmão, Vicente entrou este ano para a primária. Ambos frequentam um colégio porque, na opinião de Susana, esta é «a única forma de assegurar um bom ensino em boas condições».
Mensalmente o infantário da Beatriz custa 319 euros enquanto que no caso de Vicente a mensalidade é 359 euros.
Mas estas não são as únicas despesas. Porque o tempo das aulas nem sempre coincide com o horário dos pais ou porque as crianças gostam de praticar outras actividades os pais recorrem a actividades extra-curriculares. Aulas de música, teatro, línguas, desporto ou informática são apenas alguns exemplos das actividades praticadas e cujos custos podem ser deduzidos no IRS. O Vicente pratica ténis o que representa um custo mensal de cerca de 50 euros que os pais poderão agora deduzir, desde que seja tenham o recibo de pagamento e o estabelecimento esteja integrado no sistema nacional de educação.
Feitas as contas, Susana Graça, gasta em média com a educação dos filhos cerca de 4500 euros anuais. Por isso mesmo defende que o valor limite estabelecido para apresentação de despesas «é claramente insuficiente num país que ainda tem muito para investir em matéria de formação». Para melhorar esta situação pensa ser necessário admitir que o investimento na formação é uma prioridade estatal «devendo-lhe ser concedido um tratamento fiscal mais benéfico e existirem outros incentivos».
Marta também entrou este ano para a primária, no colégio Sá de Miranda. Já conhece os números mas as contas da mãe, Mafalda Santos, estão longe do seu imaginário. Mensalmente Mafalda paga cerca de 400 euros ao colégio, o que já inclui alimentação, ballet, natação e prolongamento de horário das 16 às 17h. A isto junta-se cerca de 150 euros gastos em livros e material escolar e feitas as contas as despesas este ano ascendem aos 4500 euros.
Se passarmos para o ensino publico as despesas anuais diminuem drasticamente uma vez que não existe o pagamento de qualquer mensalidade contudo, não são necessárias muitas actividades extra-curriculares para as despesas ultrapassarem o limite estabelecido pelo IRS. Para Mafalda Santos «a educação em Portugal está muito cara» e este valor «não deveria ter tecto mas sim ser muito bem controlado» para evitar abusos.
Ensino Básico e Secundário
Terminada a primária começam a aumentar as disciplinas, os livros e consequentemente as despesas.
Catarina entrou este ano para o 5º ano e o irmão, Tiago, já está no 11º. Frequentam o ensino público e, entre livros e material escolar para os dois, os pais gastam cerca de 500 euros por ano. Para ajudar nos estudos Tiago tem também explicações que representam um acréscimo de 45 euros mensais nas despesas.
Soraia Raimundo é filha única, mas isso não representa necessariamente menos despesas. A frequentar o 9º ano a aluna também tem explicações cujo valor ronda os 150 euros mensais. Em ambos os casos, e sendo passado recibo do valor das explicações, os pais podem também incluir estes gastos como despesas de educação. Ao valor das explicações Paula, mãe de Soraia, junta ainda cerca de 700 euros gastos entre livros, material de apoio e material escolar. Feitas as contas têm despesas para apresentar no valor de sensivelmente 850 euros quando o limite estabelecido pouco ultrapassa os 600 euros.
Universidade e formação profissional
Chegados à universidade os encargos com a educação aumentam significativamente. Entre matriculas e propinas os custos podem ascender aos 2500 euros. Depois juntam-se os livros, algumas fotocopias e o restante material escolar necessário. Maria Almeida Alves está no 3º ano do Curso de Direito da Faculdade de Lisboa e ao todo tem despesas no valor de cerca de 1300 euros.
Desde que devidamente comprovadas o fisco aceita como despesas os encargos com taxas de inscrição, propinas, livros e material escolar. Os alunos que estejam deslocados da sua residência (normalmente mudar de distrito) podem ainda apresentar despesas com alimentação, alojamento e transportes. Contudo há alguns limites: os serviços têm de ser prestados por terceiros, as despesas com alimentação incluem refeições em cantinas, bares universitários e também restaurantes mas têm de ser feitas na região em que o aluno estuda, e só são aceites as deslocações feitas em transportes públicos entre a casa e o local de ensino.
Quem tenha frequentado workshops e cursos de formação profissional pode também apresentar essas despesas em conjunto com as despesas de educação. O fisco aceita-as desde que a empresa formadora seja certificada pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional.
Contudo, segundo a DECO, os trabalhadores por conta de outrem podem ter interesse em declarar estas despesas como dedução específica da categoria A (inscrita no anexo A e não no H) e não como despesas de educação. Para saber qual a solução mais vantajosa, antes de entregar o IRS, faça uma simulação no sítio da Direcção-Geral dos Impostos (www.dgci.min-financas.pt).
Quando o sistema não funciona
O casal Inês e Miguel e a filha Mariana, são um exemplo de que por vezes o sistema não funciona da melhor maneira. «O sistema público de ensino recusou uma escola para a minha filha de três anos», afirma Inês Leite.
Ao tentarem inscrever a filha na escola da área de residência foi-lhes dito que, como a filha nasceu em Outubro «não teria vaga na pré-primária pelo que só poderia entrar aos 4 anos» - recorda Inês – e, além disso, como lhes foi explicado na altura, a Mariana «provavelmente não teria vaga na 1º classe e também teria de esperar um ano».
Para superar esta situação, e porque esperar não parecia ser uma boa opção e «tínhamos recursos económicos», sublinham, optaram por colocá-la num colégio privado. Esta decisão representa um custo mensal de 500 euros (já inclui almoço, lanche e transporte escolar) a que se junta 100 euros do uniforme escolar e despesas pontuais com visitas ou material escolar.
Mas as despesas de educação do casal não se ficam por aqui. Inês e Miguel eram assistentes na Faculdade de Direito de Lisboa e «para não serem dispensados» viram-se “obrigados” a fazer o Mestrado. Apesar de estarem isentos do pagamento das propinas, o que já foi uma ajuda, garantem que gastaram muito dinheiro em livros. Além disso, foi necessário deslocarem-se à Alemanha para fazerem investigação o que representou uma despesa adicional de cerca de 3000 euros «e sem qualquer apoio», refere Inês.
Esta situação ocorre porque Inês e Miguel deslocaram-se à Alemanha apenas para investigação e não para frequentarem um curso. Quem quiser ir estudar para fora de Portugal também poderá apresentar ao fisco as despesas aí realizadas, desde que a instituição em causa esteja integrada no sistema de ensino oficial português ou seja reconhecida pelo governo desse país.
Outras despesas
Se comprou computadores para uso pessoal, incluindo software e equipamento para a Internet pode deduzir à colecta metade do que gastou até ao montante de 250 euros. Para tal, os contribuintes deverão ter em atenção que esta dedução pode ser feita uma única vez entre 2006 a 2008 e apenas se a taxa de IRS aplicável aos rendimentos do agregado for inferior a 42% (para rendimentos sujeitos a imposto acima de 60000 euros por ano), um dos elementos do agregado familiar estudar, o equipamento for novo e a factura mencionar o número do contribuinte e a expressão "uso pessoal".
As pensões de alimentos pagas por contribuintes a dependentes que integram o seu agregado familiar, por mutuo acordo e com homologação judicial, devem também ser consideradas despesas de educação.
Na declaração de IRS a entregar em 2007, os contribuintes podem deduzir 30% das despesas de educação e formação profissional até 617,44 euros, bem como metade do dinheiro gasto em material informático, até 250 euros. Nas famílias com três ou mais dependentes, o primeiro limite pode ser elevado em 115,77 euros por cada um, desde que todos sejam estudantes.
A Declaração Modelo 3, relativamente aos rendimentos auferidos em 2006, pelos sujeitos passivos que tenham exclusivamente auferido rendimentos de trabalho dependente e pensões podem ser entregues, via internet até dia 15 de Abril. Os contribuintes que também tenham rendimentos de trabalho independente podem entregar a declaração de IRS a partir de dia 16 de Abril e até 25 de Maio.
Mais informações:
http://www.e-financas.gov.pt
Parte do orçamento de muitas famílias destina-se a encargos com educação. O Estado permite deduzir cerca de 850 euros por ano, mas em alguns casos as despesas ultrapassam em muito esse valor. Em altura de entregar o IRS o Educare.pt fez as contas.
Cumprida a licença de maternidade e paternidade os pais regressam ao trabalho e deixam o novo elemento da família entregue ao cuidado dos avós, de amas ou de creches. Catarina ainda não tem 1 ano e enquanto os pais estão a trabalhar fica diariamente ao cuidado dos avós – um cenário que se repetirá até completar os 3 anos.
Se Cristina tivesse recorrido a uma creche ou mesmo a uma ama essas despesas poderiam ser deduzidas na entrega do IRS. Para que isso aconteça é necessário que as amas se encontrem legalizadas, estando colectadas nas finanças, e passem recibo verde correspondente e que os estabelecimentos de ensino estejam integrados no sistema nacional de educação - para o comprovar contacte o Gabinete de Informação e Avaliação do Sistema Educativo, do Ministério da Educação (www.giase.min-edu.pt)
A colaboração dos avós de Catarina é por isso uma ajuda na redução das despesas de educação que Cristina Martins irá apresentar este ano. Feitas as contas, são cerca de 4000 euros, entre material escolar, actividades extra-curriculares e a mensalidade do Externato Caracol, onde Francisco, de 5 anos, frequenta a pré-primária. «O custo mensal como o colégio [cerca de 300 euros] inclui o almoço e o lanche, música 1 vez por semana e ginástica 2 vezes», esclarece Cristina.
Apesar destas despesas Cristina pretende que a pequena Catarina siga os passos do irmão e, «enquanto os custos mensais possam ser suportados» pretende manter os dois a estudar no ensino privado. Também por isso, confrontada com o limite estabelecido no IRS para despesas de educação e formação profissional – 617,44 euros para uma família com dois filhos a estudar – Cristina defende que o «valor está longe do mínimo necessário para dar a melhor educação ao filhos, que inclui também as actividades extracurriculares». Para ultrapassar a situação sugere que este limite seja aumentado pelo menos para metade das despesas apresentadas «que têm de ser devidamente documentadas», sublinha.
Susana Graça também tem dois filhos e no seu caso os encargos mensais aumentam já que Beatriz, a filha mais nova, ingressou no infantário e o irmão, Vicente entrou este ano para a primária. Ambos frequentam um colégio porque, na opinião de Susana, esta é «a única forma de assegurar um bom ensino em boas condições».
Mensalmente o infantário da Beatriz custa 319 euros enquanto que no caso de Vicente a mensalidade é 359 euros.
Mas estas não são as únicas despesas. Porque o tempo das aulas nem sempre coincide com o horário dos pais ou porque as crianças gostam de praticar outras actividades os pais recorrem a actividades extra-curriculares. Aulas de música, teatro, línguas, desporto ou informática são apenas alguns exemplos das actividades praticadas e cujos custos podem ser deduzidos no IRS. O Vicente pratica ténis o que representa um custo mensal de cerca de 50 euros que os pais poderão agora deduzir, desde que seja tenham o recibo de pagamento e o estabelecimento esteja integrado no sistema nacional de educação.
Feitas as contas, Susana Graça, gasta em média com a educação dos filhos cerca de 4500 euros anuais. Por isso mesmo defende que o valor limite estabelecido para apresentação de despesas «é claramente insuficiente num país que ainda tem muito para investir em matéria de formação». Para melhorar esta situação pensa ser necessário admitir que o investimento na formação é uma prioridade estatal «devendo-lhe ser concedido um tratamento fiscal mais benéfico e existirem outros incentivos».
Marta também entrou este ano para a primária, no colégio Sá de Miranda. Já conhece os números mas as contas da mãe, Mafalda Santos, estão longe do seu imaginário. Mensalmente Mafalda paga cerca de 400 euros ao colégio, o que já inclui alimentação, ballet, natação e prolongamento de horário das 16 às 17h. A isto junta-se cerca de 150 euros gastos em livros e material escolar e feitas as contas as despesas este ano ascendem aos 4500 euros.
Se passarmos para o ensino publico as despesas anuais diminuem drasticamente uma vez que não existe o pagamento de qualquer mensalidade contudo, não são necessárias muitas actividades extra-curriculares para as despesas ultrapassarem o limite estabelecido pelo IRS. Para Mafalda Santos «a educação em Portugal está muito cara» e este valor «não deveria ter tecto mas sim ser muito bem controlado» para evitar abusos.
Ensino Básico e Secundário
Terminada a primária começam a aumentar as disciplinas, os livros e consequentemente as despesas.
Catarina entrou este ano para o 5º ano e o irmão, Tiago, já está no 11º. Frequentam o ensino público e, entre livros e material escolar para os dois, os pais gastam cerca de 500 euros por ano. Para ajudar nos estudos Tiago tem também explicações que representam um acréscimo de 45 euros mensais nas despesas.
Soraia Raimundo é filha única, mas isso não representa necessariamente menos despesas. A frequentar o 9º ano a aluna também tem explicações cujo valor ronda os 150 euros mensais. Em ambos os casos, e sendo passado recibo do valor das explicações, os pais podem também incluir estes gastos como despesas de educação. Ao valor das explicações Paula, mãe de Soraia, junta ainda cerca de 700 euros gastos entre livros, material de apoio e material escolar. Feitas as contas têm despesas para apresentar no valor de sensivelmente 850 euros quando o limite estabelecido pouco ultrapassa os 600 euros.
Universidade e formação profissional
Chegados à universidade os encargos com a educação aumentam significativamente. Entre matriculas e propinas os custos podem ascender aos 2500 euros. Depois juntam-se os livros, algumas fotocopias e o restante material escolar necessário. Maria Almeida Alves está no 3º ano do Curso de Direito da Faculdade de Lisboa e ao todo tem despesas no valor de cerca de 1300 euros.
Desde que devidamente comprovadas o fisco aceita como despesas os encargos com taxas de inscrição, propinas, livros e material escolar. Os alunos que estejam deslocados da sua residência (normalmente mudar de distrito) podem ainda apresentar despesas com alimentação, alojamento e transportes. Contudo há alguns limites: os serviços têm de ser prestados por terceiros, as despesas com alimentação incluem refeições em cantinas, bares universitários e também restaurantes mas têm de ser feitas na região em que o aluno estuda, e só são aceites as deslocações feitas em transportes públicos entre a casa e o local de ensino.
Quem tenha frequentado workshops e cursos de formação profissional pode também apresentar essas despesas em conjunto com as despesas de educação. O fisco aceita-as desde que a empresa formadora seja certificada pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional.
Contudo, segundo a DECO, os trabalhadores por conta de outrem podem ter interesse em declarar estas despesas como dedução específica da categoria A (inscrita no anexo A e não no H) e não como despesas de educação. Para saber qual a solução mais vantajosa, antes de entregar o IRS, faça uma simulação no sítio da Direcção-Geral dos Impostos (www.dgci.min-financas.pt).
Quando o sistema não funciona
O casal Inês e Miguel e a filha Mariana, são um exemplo de que por vezes o sistema não funciona da melhor maneira. «O sistema público de ensino recusou uma escola para a minha filha de três anos», afirma Inês Leite.
Ao tentarem inscrever a filha na escola da área de residência foi-lhes dito que, como a filha nasceu em Outubro «não teria vaga na pré-primária pelo que só poderia entrar aos 4 anos» - recorda Inês – e, além disso, como lhes foi explicado na altura, a Mariana «provavelmente não teria vaga na 1º classe e também teria de esperar um ano».
Para superar esta situação, e porque esperar não parecia ser uma boa opção e «tínhamos recursos económicos», sublinham, optaram por colocá-la num colégio privado. Esta decisão representa um custo mensal de 500 euros (já inclui almoço, lanche e transporte escolar) a que se junta 100 euros do uniforme escolar e despesas pontuais com visitas ou material escolar.
Mas as despesas de educação do casal não se ficam por aqui. Inês e Miguel eram assistentes na Faculdade de Direito de Lisboa e «para não serem dispensados» viram-se “obrigados” a fazer o Mestrado. Apesar de estarem isentos do pagamento das propinas, o que já foi uma ajuda, garantem que gastaram muito dinheiro em livros. Além disso, foi necessário deslocarem-se à Alemanha para fazerem investigação o que representou uma despesa adicional de cerca de 3000 euros «e sem qualquer apoio», refere Inês.
Esta situação ocorre porque Inês e Miguel deslocaram-se à Alemanha apenas para investigação e não para frequentarem um curso. Quem quiser ir estudar para fora de Portugal também poderá apresentar ao fisco as despesas aí realizadas, desde que a instituição em causa esteja integrada no sistema de ensino oficial português ou seja reconhecida pelo governo desse país.
Outras despesas
Se comprou computadores para uso pessoal, incluindo software e equipamento para a Internet pode deduzir à colecta metade do que gastou até ao montante de 250 euros. Para tal, os contribuintes deverão ter em atenção que esta dedução pode ser feita uma única vez entre 2006 a 2008 e apenas se a taxa de IRS aplicável aos rendimentos do agregado for inferior a 42% (para rendimentos sujeitos a imposto acima de 60000 euros por ano), um dos elementos do agregado familiar estudar, o equipamento for novo e a factura mencionar o número do contribuinte e a expressão "uso pessoal".
As pensões de alimentos pagas por contribuintes a dependentes que integram o seu agregado familiar, por mutuo acordo e com homologação judicial, devem também ser consideradas despesas de educação.
Na declaração de IRS a entregar em 2007, os contribuintes podem deduzir 30% das despesas de educação e formação profissional até 617,44 euros, bem como metade do dinheiro gasto em material informático, até 250 euros. Nas famílias com três ou mais dependentes, o primeiro limite pode ser elevado em 115,77 euros por cada um, desde que todos sejam estudantes.
A Declaração Modelo 3, relativamente aos rendimentos auferidos em 2006, pelos sujeitos passivos que tenham exclusivamente auferido rendimentos de trabalho dependente e pensões podem ser entregues, via internet até dia 15 de Abril. Os contribuintes que também tenham rendimentos de trabalho independente podem entregar a declaração de IRS a partir de dia 16 de Abril e até 25 de Maio.
Mais informações:
http://www.e-financas.gov.pt
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