Dia de Luta no Ensino Secundário
Estudantes do ensino secundário concentram-se contra os exames nacionais, as aulas de substituição e a limitação de vagas no ensino superior. O protesto teve uma participação reduzida.
Convocada por cerca de 40 associações de estudantes, a concentração frente ao Ministério da Educação não reuniu mais de duas dezenas de alunos de escolas secundárias de Lisboa, Sintra e Cascais.
Bruno Madeira, a frequentar n 12º ano de Humanidades da escola Frei Gonçalo de Azevedo, em Cascais, em declarações à agência Lusa, garante que o objectivo desta manifestação é “alertar os governantes para os problemas que assolam os alunos do ensino secundário".
Os estudantes contestam os exames nacionais porque, argumentam, «quebram o principio da avaliação continua» e colocam em risco o trabalho de três anos. Diana Simões, do 1º ano da Escola Leal da Câmara, de Sintra, também acredita numa avaliação continua defende que «os exames nacionais são uma barreira para os alunos que pretendem seguir os seus estudos" e não afirmam aquilo que os estudantes sabem.
Empunhando cartazes com mensagens como "Queremos falar com a ministra", "Queremos igualdade" ou "Residual = resignado", os alunos gritaram palavras de ordem contra as aulas de substituição que consideram impostas e inúteis. Segundo os estudantes as aulas não funcionam porque normalmente são dadas por professores desconhecidos e nem sempre se consegue criar uma empatia imediata. "A maioria das vezes acabamos por conversar uns com os outros ou simplesmente jogar às cartas", adiantou Bruno Madeira. Na escola de Diana Simões a situação é semelhante – os alunos acabam a conversar, a jogar cartas ou a estar no computador – e esta aluna considera que as aulas de substituição "são apenas uma forma de o Governo não dotar as escolas de tempos livres".
No Porto, o protesto contra as aulas de substituição também se fez ouvir. Alguns alunos queixavam-se de que «não faz sentido um professor de educação física dar aulas de português». Pedro, de 12 anos, da Escola Almeida Garrett, de Gaia, disse à Agência Lusa, que «as aulas de substituição são um absurdo e uma palhaçada», defendendo que durante esse tempo se podia «estar na biblioteca a estudar e a preparar os testes».
A sobrecarga horária, a limitação de vagas no Ensino Superior e a nota mínima de 9,5 valores foram também alvo de contestação bem como a privatização do ensino e os seus elevados custos.
Os alunos aproveitaram ainda para defender a melhoria das condições materiais e humanas das escolas e a implementação da educação sexual de forma transversal a todas as disciplinas. Na opinião de Bruno Madeira, as aulas de educação sexual podem ajudar na prevenção quer da gravidez na adolescência quer no que diz respeito às doenças sexualmente transmissíveis.
Em Lisboa a fraca adesão de manifestantes à concentração é justificada por factores sociais que limitam a participação nestas iniciativas. Uma das participantes na manifestação, Diana Simões, explicou a fraca adesão de manifestantes com dificuldades de transporte e com o facto de se estar em pleno período de aulas.
A jornada de luta promovida por várias associações de estudantes incluiu ainda manifestações no Porto, onde houve uma maior participação. A Norte, a manifestação juntou estudantes do Ensino Básico e Secundário de escolas dos concelhos do Porto, Gaia, Valongo (Ermesinde) e Gondomar. Ao todo eram cerca de duas centenas de alunos, ainda assim um número reduzido comparativamente à adesão registada no último protesto - em Novembro de 2006 - que reuniu mais de mil estudantes.
Em declarações à Lusa, Ricardo Marques, da Escola Secundária Aurélia de Sousa, no Porto, justificou a pouca participação dos alunos com o facto de o número da faltas contabilizadas pelos estudantes virem, em seu entender, limitar a participação nestas iniciativas e também por, «à última hora», algumas associações terem optado por manifestar-se junto às respectivas escolas.
Contactado pelo Educare.pt o Ministério da Educação limitou-se a dizer que não comenta esta iniciativa.
28 de fevereiro de 2007
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