7 de fevereiro de 2007

Internet Segura em Debate

A Internet é uma ferramenta que permite aprender, explorar o mundo ou mesmo relaxar, mas contem alguns perigos. O Seminário SeguraNet intitulado “Dos fantasmas da Internet à utilização esclarecida da Internet”, com videodifusão para as escolas, promove o debate entre especialistas, professores e alunos e sugere soluções.


A partir de casa, de uma biblioteca, escola ou qualquer local com acesso à internet qualquer pessoa pode aceder a informação de todas as partes do mundo. Um precioso auxiliar na vida em geral cujas questões de segurança a internet não é muito diferente da segurança do dia-a-dia. «Quando são pequenos damos a mão às crianças para atravessarem a estrada», explica João Freitas, responsável pela equipa da CRIE, com a internet a situação é semelhante. É preciso ajudá-los a crescer e terem uma autonomia responsável face ao mundo exterior.

Numa área em que os mais novos dominam cada vez mais do que os mais velhos, estando mais à vontade e sem sentirem necessidade de precisarem da opinião de alguém, pode ser difícil estabelecer regras mas elas são necessárias. Lourenço Medeiros, editor de novas tecnologias da SIC, desmistifica a visão da internet como um «bicho-papão» e garante que «as regras [que se aplicam] são as mesmas para vida». Além disso, diz, «os riscos que se vêem na net são os mesmos que estão nas prateleiras de qualquer livraria» - afinal também aí encontramos à mão de todos conteúdos sobre sexo, pedofilia, jogos, violência...

Mas ainda existem alguns fantasmas na net. «Há pessoas que não sabem o que fazer nem como fazer», explica João Freitas. E este não é um problema exclusivo dos pais. O responsável pela equipa do CRIE reconhece que os professores estão preparados mas «algumas vezes ainda se ouve este discurso do medo» face à internet.

Para Lourenço Medeiros «ainda estamos a aprender a lidar com a net tal como antes aprendemos a lidar com a literatura». Quando as crianças começam a ler pretende-se que o façam primeiro com determinados livros e só depois é pais e educadores sugerem este ou aquele titulo. Há um acompanhamento, E este acompanhamento é essencial. «Não se pode permitir que os computadores funcionem como uma ama-seca» sublinha Lourenço Medeiros. Para defesa das crianças e jovens os pais têm de perceber o que é os mais novos estão a fazer quando estão em frente ao computador. Existem outros métodos, nenhum 100% seguro, mas Lourenço Medeiros frisa que «o “controlo” é feito através do acompanhamento».

O software de controlo pode também ser uma ajuda. «Podemos mostrar ao miúdos que o software tem capacidade de registar os sites que são consultados e que essa informação pode ser conhecida por todos», explica João Freitas. O objectivo é dissuadir a utilização de sites menos próprios por parte dos mais novos.

Mas desengane-se quem pensa que só encontra sexo e pornografia na net quem a procura. Pesquisa como gatinha, bonecas ou mesmo Noody podem levar inocentemente os mais novos para sites ou filmes não pretendidos. O que fazer? «Não entrar em pânico», aconselha Lourenço Medeiros, e falar com a criança. É por situações com esta que João Freitas defende que «deve haver uma utilização esclarecida da net de modo a que eles tenham autonomia para enfrentarem os perigos que vão surgir» tanto na net como na vida.

A proibição do acesso a sites não é consensual mas em situações de aula por vezes é necessário tomar medidas mais fortes para “não se perder” os alunos para sites como o Youtube ou o Hi5. Segundo João Freitas as escolas podem solicitar uma filtragem de conteúdos de acordo com o regulamento interno de cada estabelecimento de ensino contudo, se isto for feito genericamente «levanta-se depois a questão de o que é que se vai filtrar e quem é que decide». Censura? Vasco Trigo, jornalista da RTP, defende que «criar regras não é censurar»

Nas escolas também são necessárias regras e acompanhamento. Lourenço Medeiros reconhece que «na prática não será fácil» mas como forma de contornar o problema deixa uma sugestão: «se todos os computadores estiverem virados para o centro da sala toda agente vê o que está ser feito» e é mais fácil “controlar”.

E se em muitas casas o consumo da internet é feito individualmente então «é mesmo preciso estabelecer regras e disciplina», adianta Vasco Trigo, de modo a que todos saibam aquilo que devem ou não fazer online. No site
www.seguranet.pt apresentam-se regras de segurança para as diferentes idades e sugere-se mesmo a criação de um contrato, entre pais e filhos, com um código de conduta que estabeleça regras de utilização da internet de acordo com as respectivas idades.

Porque educar um criança implica a intervenção de todos, a responsabilidade também tem de ser partilhada e «não se pode ter medo do futuro», como refere Vasco Trigo. Pais e professores têm de aprender as novas tecnologias para poder combater os seus riscos, mas, entretanto, na opinião de Lourenço Medeiros, mesmo para quem não perceba nada do assunto, «o olhar por cima do écran para controlar» o que a criança está a fazer no computador já é um passo importante.

O Seminário decorreu no âmbito das comemorações que assinalam o Dia europeu da Internet Segura e foi transmitido por videodifusão pela internet para as escolas, o que possibilitou a participação de professores e alunos. As comemorações prolongam-se até ao final desta semana e as actividades podem ser acompanhadas no espaço da Seguranet
http://moodle.crie.min-edu.pt.

Mais informações:
www.seguranet.pt
www.miudossegurosna.net

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